sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O fim

(ela) - Eu não digo que perdi meu tempo com você. 
Eu lamento por não ter dado certo.
Só não quero ser mais sua amiga.
Talvez nos encontremos em alguma esquina da vida...
 você me trás muitas lembranças. A maioria são maravilhosas... Se eu mantiver contato de antes, continuarei ligada a você. Espero, imensamente, que encontre alguém que te faça sentir o mesmo que eu sinto... Sentia... Por você.

As palavras dela ecoavam em minha mente. Eu não sabia o que fazer. Pensei que nós havíamos esfriado. Ela continuava parada olhando... Esperando alguma coisa?

Ele olhava para mim... Será mesmo que ele não iria fazer nada que me impedisse de ir? Foram três anos juntos. Eu esperava que ele agarrasse meu braço, gritasse... Sussurrasse... Questionando se eu tinha ficado maluca.

Ela baixou os olhos, depois olhou em direção a janela. Estava escurecendo por causa da chuva que viria.

Decidi ver o tempo... Quanto tempo eu demoraria a chegar na parada e não me molhar? Teria que sair agora. Mas antes...

Ela voltou a olhar nos meus olhos, o movimento foi tão rápido que dei um pequeno salto do chão pelo susto. Ela andava bem lentamente na minha direção... O que ela iria fazer?
Eu darei a ele uma chance de um adeus. Se ele não quiser... Eu posso parar. O posso continuar...
Um vento gelado entrou pela janela... 

Ela colocou a mão direita dela na maçã do rosto dele, desceu levemente com o dedo indicador e o maior de todos com uma pequena dobra. O contato dos olhos era inquebrável. O silêncio era quase que obrigatório, não se ouvia nada além das respirações deles. Ela se aproximou mais um pouco, ficou de pontas de pé e roçou os seus lábios no dele. Ele não fez nada. De uma segunda ela tentou... Ele não fez nada. Ele continuava olhar para ela... Indecifrável.

... O vento lá fora assobiou...

Eu vi que tentei duas vezes... E ele nada fez...

De repente, o contato com os olhos foi perdido quando ela se afastou e, tão rápido quanto pôde, pegou a bolsa e saiu.

O que ela esta fazendo? Eu pensei que estávamos terminando... E de repente ela me olha daquele jeito e tenta me beijar... E por qual motivo eu não consegui corresponder?

Um barulho forte começa. Ele olha e ver que começa a chover. Não dera tempo de ela chegar na parada. Ele pegou o guarda-chuva azul esverdeado, que estava sempre ao lado da janela da varanda, e foi atrás dela e a encontrou no meio do caminho.

Ela – o que você está fazendo aqui?
Ele – vim te levar na parada.
Ela – por quê?
Ele – porque não queria que você adoecesse.
Ela – e? Que consideração é essa?
Ele – Eu... Eu... Eu não sei.
Ela – então me diz só uma coisa.
Ele – diga.
Ela – tentei duas vezes, você não fez nada. Agora vem você, de baixo de chuva me oferecer abrigo... Não entendo.
Eu olhava para ela. Ela estava certa. Eu também não entendia. Fazia tanto tempo que a gente simplesmente brincava e se divertia... Ultimamente só eram brigas. Por tudo e por nada. Às vezes a culpa era minha e... Às vezes dela...
Ele – então... Entenda isso...

Ele deixou cair o guarda-chuva...

Ela subiu para o ônibus com as imagens do que se passara entre eles e ficou pensando sobre o futuro deles... Algo na bolsa dela caiu quando ela pegava seu cartão do VEM, ela se abaixou para pegar. Algo muito forte fez o ônibus rodar e ela acabou sendo jogada para fora do veículo, quebrando o vidro que ficava de frente ao motorista. Caiu uns metros a frente. O ônibus começou a tocar fogo e os carros paravam ou aceleravam desordenadamente.